
TOC:
a mente presa em pensamentos e rituais
TOC É COISA SÉRIA!
Você já assistiu algum filme de cinema em que um dos personagens se envolve em vários pensamentos obsessivos e rituais repetitivos? Geralmente, esses filmes são comédias. Se por um lado, é uma maneira de falar sobre o assunto de forma bem-humorada, o filme pode deixar a impressão errada de que a pessoa com transtorno obsessivo-compulsivo é apenas alguém que tem suas "manias" e superstições engraçadas.
A verdade é que as pessoas que sofrem com o transtorno obsessivo-compulsivo vivenciam um turbilhão de pensamentos intrusivos e involuntários geralmente associados aos seus piores temores. A realização de rituais físicos ou mentais é uma tentativa de aliviar da aflição, o medo, a sensação de nojo ou de incompletude que estão frequentemente expostos.
Preciso dizer também que as pessoas que sofrem de TOC podem enfrentar diferentes graus de severidade dos sintomas e que há uma diversidade de formas de manifestação do TOC. Não é só sobre limpeza, não é apenas organizar coisas e buscar a simetria. Esse desconhecimento das diversas formas de TOC pode levar a demora de acesso ao tratamento. Quanto mais tempo sem o tratamento adequado, mas grave fica o quadro clínico.
Acontece também de muitas pessoas com TOC terem vergonha de seus rituais e pensamentos obsessivos e, em função disto, procuram escondê-los de seus familiares e amigos. Julgam-se fracas ou culpadas por não conseguir controlar tais pensamentos e comportamentos, o que leva ao isolamento, a diminuição da autoestima e, não raro, ao desenvolvimento de depressão. Isto é mais comum ainda naquelas pessoas cujas obsessões são pensamentos impróprios envolvendo agressão, sexo, pensamentos obscenos ou blasfêmias, ou quando o TOC é muito grave e incapacitante.
Estima-se que pelo menos 3 em cada 100 pessoas passe por este problema ao longo da vida. O TOC, muitas vezes, se inicia entre o final da infância e início da adolescência mas também pode aparecer apenas na vida adulta.

TOC - Isso acontece comigo?
Preocupo-me demais com sujeira, germes, contaminação, pó ou doenças.
Lavo as mãos a todo o momento ou de forma exagerada.
Limpo ou lavo demasiadamente o piso, móveis, roupas ou objetos.
Tomo vários banhos por dia ou demoro demasiadamente no banho.
Não toco em certos objetos (corrimãos, trincos de portas, dinheiro, etc.) sem lavar as mãos depois.
Evito certos lugares (banheiros públicos, hospitais, cemitérios) por considerá-los pouco limpos ou achar que posso contrair doenças.
Verifico portas, janelas, o gás, mais do que o necessário.
Verifico repetidamente o fogão, as torneiras, aparelhos elétricos, interruptores de luz mesmo após desligá-los.
Minha mente é invadida por pensamentos desagradáveis e impróprios, que me causam aflição e que nem sempre consigo afastá-los.
Tenho sempre muitas dúvidas, repetindo várias vezes a mesma tarefa ou pergunta para ter certeza de que não vou errar.
Preocupo-me demais com a ordem, o alinhamento ou simetria das coisas, e fico aflito(a) quando estão fora do lugar.
Necessito fazer coisas de forma repetida e sem sentido (tocar, repetir certos números, palavras ou frases).
Sou muito supersticioso com números, cores, datas ou lugares.
Necessito contar, repetir frases, palavras, enquanto estou fazendo coisas.
Guardo coisas inúteis (jornais velhos, caixas vazias, sapatos ou roupas velhas) e tenho muita dificuldade em desfazer-me delas.
Se você se identificou com algumas dessas frases, vale a pena procurar um psiquiatra ou um psicólogo para conversar e esclarecer um pouco mais.
O QUE CAUSA O TOC?
Não se sabe exatamente o que provoca o TOC. Pesquisas têm apontado fatores neurobiológicos, incluindo a predisposição genética, e fatores psicológicos, aprendizagens e crenças distorcidas, como influenciadores do aparecimento e da manutenção dos sintomas. TOC é, então, um transtorno com uma base neurobiológica importante. Esta condição cerebral afeta o modo como as crianças, adolescentes e adultos pensam e se comportam.

O QUE AS PESSOAS PODEM SENTIR?
As pessoas que experimentam essa condição estão permanentemente em sofrimento diante da possibilidade de algo terrível vir a acontecer, como por exemplo, contaminar-se com bactérias e adoecer gravemente, cometer falhas graves, atropelar, ferir ou fazer algo de mal a alguém. Sentem-se excessivamente responsáveis por eventos que estão fora de seu controle e são atormentados por dúvidas, pensamentos que julgam inapropriados, imagens de conteúdo violento ou sexual indesejáveis. Com dificuldade de livrar-se desses pensamentos, se envolvem em rituais mentais ou comportamentais como lavar as mãos ou tomar banhos excessivamente, fazer verificações de forma repetida, dizer a si mesmo palavras ou frases, acreditando que, com tais atos, podem neutralizar ou impedir que algo terrível aconteça (CORDIOLI, 2008). É um ciclo vicioso que compromete seriamente os contextos pessoal, profissional e relacional dessas pessoas, impedindo muitas vezes de aprender coisas novas, desempenhar seu trabalho e conviver com outras pessoas.

EXISTE TRATAMENTO PARA O TOC?
Sim! A Terapia Cognitivo-Comportamental é reconhecido como um tratamento de primeira linha para este tipo de transtorno. A TCC pode ser combinada com tratamento medicamentoso de acordo com a necessidade, conforme avaliação de um psiquiatra.
Se você conhece alguém que possa ter TOC, um amigo (a), parente, vizinho (a) e deseja ajudar esta pessoa, você pode começar enviando esse texto e o incentivando a procurar a avaliação de um profissional especializado. O apoio da família e dos amigos torna mais fácil para a pessoa que tem TOC vir a clínica e continuar com a terapia. O seu apoio será essencial durante todo o tratamento!

Minhas contribuições
Ajudar pessoas a superar o TOC é um dos meus "chamados" como terapeuta. Desde o primeiro paciente que atendi no meu consultório, sempre me sinto muito motivada a trabalhar com essa demanda clínica, muitas vezes pouco compreendida.
Não é qualquer psicólogo que consegue ajudar pessoas com TOC. Ser terapeuta de pacientes com TOC requer aprofundamento no assunto para entender e conduzir o tratamento corretamente, além de uma postura de suporte emocional e encorajamento no decorrer da terapia.
Tive a oportunidade, como professora em um Centro Universitário, de criar e coordenar um projeto de extensão chamado NuTOC - Núcleo de estudos e tratamento do Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Foi uma experiência de grande aprendizado e realização profissional. Realizamos ações voltadas para três eixos: capacitação de psicólogos, psicoeducação em escolas, CAPS e postos de saúde e atendimento psicoterápico na clínica escola.
Um momento muito especial foi a realização do Encontro de Terapias Cognitivo-Comportamental, em parceria com o IEMB-CE, em que convidamos o Prof. Dr. Aristides Cordioli - referência em pesquisas sobre TOC - para ministrar palestra e mini-curso para psicólogos em nossa cidade.
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Você não precisa passar por isso sozinho.
Procure ajuda profissional.
@terapiadotoc

TOCANDO EM FRENTE
ALMIR SATER
Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei
Ou nada sei
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou
